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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Colocações 2010/2011 "vistas à lupa"

Ficaram por preencher 7853 vagas no CNA 2010/2011 (foram abertas 53410 vagas no total dos dois subsistemas), das quais 2402 pertencem a vagas não preenchidas nos cursos abertos em regime pós laboral.
As vagas abertas em regime pós-laboral, nos dois subsistemas, foram 5543, tendo ainda sido abertas 190 vagas em ensino à distância.

No cômputo geral, as Universidades ofereceram 1531 vagas em regime pós-laboral, ficando por preencher 632 o que equivle a cerca de 42% e os IP puseram a concurso 4012 vagas em regime pós laboral e preencheram cerca de 44%. No ensino à distância ficaram por preencher cerca de 74% das vagas abertas.

No regime normal ficaram por preencher apenas 11% das vagas abertas.

Há 15 cursos com menos de 10 alunos colocados, no regime diurno no subsistema Universitário, e 16 no regime pós laboral (abriram-se 43 cursos cursos em regime pós-laboral nas Universidades.
Há 34 destes cursos com menos de 20 alunos colocados (mas com mais do que 10) no regime normal e 5 cursos nestas condições no regime pós-laboral. As Universidades ofereceram 468 cursos em regime normal.

Os IP abriram 653 cursos dos quais 127 em regime pós-laboral. 82 dos cursos abertos em regime normal têm menos de 10 alunos colocados, 73 têm um número de alunos colocados entre 10 e 20.
No regime pós-laboral há 52 cursos com menos de 10 alunos e 23 com um número de alunos colocados entre 10 e 20.

O total de alunos colocados, no regime normal, em cursos com menos de 10 alunos (que provavelmente não atingirão 20 na 2ª fase) é de 99 nas Universidades, e de 65 no regime pós laboral.

Nos IP, o número de alunos, em regime normal, colocados em cursos que no total não atingiram 10 colocações, é de 396 e no regime pós-laboral é de 182.

Resumindo:
Há, grosso modo e excluindo a 2ª fase, nas Universidades 164 alunos colocados em cursos que, de acordo com a opinião do Sr. Ministro, devem fechar e nos IP há 560 alunos nestas condições.

No total, e segundo a opinião do Sr. Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, há 724 alunos que foram colocados, pelo CNA, cujos cursos, ou fecham ou não são financiados (seja lá o que isto quer dizer)!

Nunca ninguém perguntou ao Sr. Ministro o que se faz a estes alunos:
1- será que se colocam noutros cursos?
2- se sim, em que cursos? naqueles para os quais não tiveram nota para entrar?
3- avisam-se já para concorrerem na 2ª fase? quem avisa?
4- concorrem novamente? Quando?
5- ........

O Sr. Ministro sobre isto não diz NADA.... como também nunca diz nada sobre o que quer dizer "não financiar".

Vamos tentar perceber o que pode querer dizer "não financiar":

De acordo com o contrato de confiança, assinado em Janeiro, o financiamento foi calculado aumentando 10% ao financiamento de cada Instituição em 2009/2010 (incluindo reforços). Não houve o cálculo de financiamento/aluno.
Mas o Sr. Ministro diz que "não financia esses alunos" será que vai dividr o financiamento distribuído pelo número de alunos e, para o ano, retira o valor correspondente ao número de alunos entrados em cursos com menos de 20? será?

Se for, isto quer dizer que, quem respondeu ao pedido do Sr. Ministro, e do Sr. 1º Ministro, para abrir vagas em cursos pós-laborais (visto que se quer aumentar o nº de licenciados e as vagas diurnas não podiam aumentar), para atingir os tais 40% de licenciados em 2020 (sendo esta uma opção correcta ou não, pessoalmente acho que não) agora, ou fecha os cursos, e não se sabe o que faz aos alunos e às expectativas que lhes foram criadas, ou é penalizado...estranho, mais valia estar quieto!

Este discurso do Sr. Ministro, para a comunicação social, não pega!
Não se fecham cursos, com alunos colocados, com tanta facilidade, o "não financiamento" desses alunos não pode ser "anunciado" de uma forma tão "leviana".

Vejamos agora porque considero errada a abertura de tantos cursos em regime pós-laboral, da forma como foram abertos:

Olhemos primeiro para os cursos Universitários

Se olharmos com atenção para os resultados verificamos,de uma forma geral:

Cursos dos regime pós-laboral que ficaram "vazios" são os mesmos que, no regime normal, também têm muito poucas colocações.
Cursos em que há excesso de procura diurna, de uma forma geral ,tiveram uma procura pós-laboral razoável.

Foi um erro GRANDE abrir, no regime pós-laboral, cursos cuja procura é SEMPRE muito baixa.
Houve erros destes na Universidade dos Açores, do Algarve, de Évora, Nova de Lisboa e Lisboa.


Esta observação faz surgir uma outra questão: alunos sem média para o regime diurno, se concorrerem, na mesma Universidade, ao regime pós-laboral entram, com uma média muito inferior; ex: Arquitectura da FAL tem de média, de último colocado, 16,6 no regime diurno e 11,9 no pós-laboral!

Esta questão é, no meu entender, prejudicial para a clareza e justiça do CNA.

Não tenho solução, limitei-me a observar, mas introduz "areia" no sistema.

Se formos agora analizar o que se passou no Politecnicos é mais ou menos semelhante, os cursos, quase todos, da área de gestão, finanças, contabilidade, direito, solicitadoria, relações internacionais, turismo e algumas engenharias (aqui sem um padrão coerente) ficaram, mais ou menos, razoavelmente preenchidos.

Ou seja, abrir vagas, em regime pós-laboral, só por abrir, NUNCA devia ter sido feito, há um custo associado, em pessoal docente e em gastos gerais, que não é negligenciável, que devia ter sido MUITO ponderado e acompanhado com uma pesquiza de mercado que tivesse orientado estas decisões.

Abrir, por abrir, foi um erro ENORME, abrir cursos, só para experimentar, que não têm procura diurna, foi um erro!

Como sempre, o Ministério lava daí as mãos, agora temos cursos com alunos colocados, que o Ministério diz que não financia, apesar de não sabermos o que isto quer dizer, e...fazemos o quê?

Mas de tudo isto o que me salta à vista é:

Todos os anos temos estes dados, todos os anos olhamos para estes números, ou outros muito semelhantes, como se fosse a primeira vez, todos os anos fazemos os mesmos erros, todos os anos "manipulamos" os números para "massajar os nossos egos", todos os anos adiamos a questão fundamental:

Reestruturar a rede de ensino superior!

Para quando CRUP, CCSIP e MCTES vão encarar este problema REALMENTE, com a coragem que para tal é necessário?

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